terça-feira, 17 de agosto de 2010

Poema das seis luzes

Seis luzes piscando.
Som quase estourando.
Livros sobre a mesa.
Sem recordar o passado.
Caneca de plástico.
Retratos na estante.
Pode ser uma nota de um dólar,
E um olhar de diamante.

Encaro o espelho,
A cama não me quer.
Despertador do celular ligado.
Foto da minha mulher.
Não estou nem aí,
Faço como eu quiser.

Tudo passa lentamente.
Preciso de salvação.
Isso é tão estranho,
Não sei se é escuridão.

O som é para hipnotizar.
A cor é do amanhecer.
Vamos todos sonhar,
Porque eu não vou esclarecer.

Onde os monstros estão dormindo?
Não quero nem pensar.
Feche bem os olhos,
O que eu quero é te amar.

Vamos nos amar,
Eram só seis vagalumes passando...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Escrever...
Pode ser a tua diversão,
Me diga que acabou de chegar,
Que passou e nem quis me chamar.

Deixei um monte de bilhetes,
Que você ainda está a encontrar.
Tome um remédio mais fraco,
Faça eu me sentir melhor.

Olhe mais ao redor,
Fique atenta aos detalhes.
Perceba o que é bonito,
Olhe a vida passando

Continua...

Enquanto o sono não vem

O desejo de dormir
Pode lhe custar uma noite inteira.
É melhor esquecer um pouco,
Tentar dormir.

O eixo esquerdo da Terra
Pode jogar você para o direito.
Fique invulnerável,
Desista de desistir.

A sua opção é muito importante,
Ela decide o seu exato caminho.
Enquanto você decide falar sozinho,
Alguém sente o silêncio.

O norte sempre aponta para o alto,
E o alto é o destino do sul.
A idéia escorre para baixo,
E voa alto para encontrar você.

Indiferença não me alimenta,
Não faço questão de favor.
Prefiro quebrar a rotina,
Cavar até encontrar o calor.

O lago de lá tem carpas.
O lago de cá tem flores.
A água de lá é barrenta.
A água de cá tem nós dois.

Eu só faço o que é bom,
O que me permites fazer.
Você me fortalece,
Me faz querer vencer.

Se eu te ofereço segredos,
Não quero pecados em troca.
E quando estivermos juntos,
Por favor, não atenderemos recados.

Não precisa me deixar agora,
Nem depois do sinal.
A causa do objetivo,
É o processo fundamental.

A vida cheia de cor é bobagem,
Tudo limpo também faz sorrir.
Não espero nada além de coragem,
Mostre do que é capaz.

Se for, vá e faça direito,
Do jeito que tem que ser.
Aqui já habitou um estranho,
Que acabou de vencer.

Ei, estranho!
Sabia que você sou eu?
Ficou aí no silêncio,
O dia amanheceu.

Ficou pensando em qualquer coisa,
Depois esqueceu de relembrar.
Seguiu as horas,
Até o relógio tocar.

Não seja tolo de ficar lendo isso,
Vai dormir enquanto é noite.
Se não conseguir parar,
Açoite.

Dormir é intervalo,
Entre a estrada e o trevão.
Pois um é o caminho,
E o outro a direção.

Seu gosto é de desgosto,
Não deixarei de provar.
Mas há de haver um novo gosto,
Porque aqui é seu lugar.

Por aqui encerro,
Tô pensando em alguém...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pensamentos perdidos numa noite fria

Esses são versos inventados naquela noite fria.
Visões de amor e agonia.
Era da alcatéia dos bichos tarados, enfurecidos,
Quase raiava o dia.
Eles só queriam seus instintos instigados,
Plena correria.
De lá pra cá, acordaram o delegado,
Aquele que dormia.
Dopado por algum remédio tarja preta,
Essa porcaria.

O delegado irritado puxou o cano.
Má pontaria,
Acertou o pneu do carro da velha.
Parecia bruxaria.
Tentou matar o lobo,
Ele estava na portaria.
Foi trabalhar com menos três cápsulas em seu armamento,
Quem diria?

No caminho encontrou dois meliantes,
Pura selvageria.
Talvez não soubessem que ele era delegado,
Quem ousaria?
Bateram no 'homem' que assustado nem se mexia,
Foi tudo na covardia.

O delegado era treinado,
Já fora vigia.
Irritado puxou o cano e até atiraria
Se não tivesse gasto sua munição com os lobos...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Pensamentos perdidos numa tarde ensolarada

A bordo do avião, que diabos sou eu?
Não sei se a desculpa adiantou.
Milhares de chinelos, mas só uso um, ele.
Os amigos dormem.
Minha boca está seca, a garganta parece arranhar.
Tudo bem, ainda ouço vozes.
Pode ser que seja meus passageiros.
Estamos diferentes, eles estão tranquilos. Eu não!
Não sei se vou me recuperar.
Sorte.
Me alimento de verdades, e nelas sou viciado.
Talvez um disparo resolvesse isso tudo.
Não há música, só meus passageiros resmungando.
O destino é o sucesso.
Todo mundo gritando, comendo, cantando...
Horas depois estou eu sozinho novamente.
É assim que tem que ser.

Não sei viver em terra e pronto.
A verdade pode causar náusea.
Tudo está certo, não está? Pode continuar fingindo.
Tá enxergando algo errado?
Pode dizer, sei disfarçar muito bem.
Quero sementes de disciplina, está difícil de plantar.
A nova ordem.
O castigo poderia ser pra mim, que não consigo plantar isso.
Mas como sei fingir bem, está me sobrando poder, vamos mais além.
Posso oferecer tudo isso.

Talvez eu amadureça e te ofereça o ápice do saber.
Podem consumir minha imagem, só me deixe a coragem para permanecer.
Não sou de ferro, a luz me guia. Também posso falhar.
Amo muito, mas não sei dizer.
Essa é minha verdade...
Esse é meu ser.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pensamentos perdidos numa manhã fria

Toda a sua sonoridade me parece estranha.
Me lembra a época do primário.
Bobo e chato eram ofensas muito graves.
Só quem tinha um dom extraordinário falava isso.

Mas tudo bem,
Deixe-me ficar consciente,
Pois já sei que você é inconveniente.

Já era manhã,
O sol é lindo, estava bom e longe.
Haviam resquícios da madrugada.
As cigarras estavam silenciosas com suas vuvuzelas.
O nu dorso do loiro busto de Lec.

Quente, esfregado, fluído,
Raro, pagão, infernal,
Puro, carnal...